Perfis de pais. Qual é o seu?

Perfis de pais. Qual é o seu?
Postado em: 20 de outubro Compartilhar Compartilhar

Autora: Nayara Oliveira – Psicóloga clínica

 

Mesmo antes da gestação é comum que os pais já imaginem e tenham um planejamento de como será sua postura frente a educação de seus filhos. Essa atitude diz respeito à forma de como cada pessoa foi educada e o seu contexto social, ou seja, é um posicionamento muito particular de cada pai e mãe.

Dentre todos estes perfis, podem surgir desdobramentos peculiares, que possuem o condão de interferir na vida e na criação dos filhos de forma direta e impactante.

Diana Baumrind (1966) criou um modelo teórico que atualmente se denomina “estilos parentais” que foi um marco nos estudos desta temática. Baumrind propôs a existência de três estilos parentais distintos: o estilo autoritário, o estilo participativo (autoritativo) e o estilo indulgente (permissivo).¹ Mais tarde, Maccoby e Martin (1983) acrescentaram o estilo negligente. ²

Todos estes profissionais contribuíram de forma significativa no quesito “perfis parentais”. Onde cada perfil remonta numa criação e impacto na vida dos filhos, por outro lado, entendendo, os perfis existentes e suas características, o pais podem se “lapidar” para agir de forma mais coerente com os filhos.

A psicologia sempre se preocupou com o desenvolvimento do ser, sendo o grande desafio possibilitar que cada pessoa se conheça cada vez mais, respeite seus limites, para assim buscar o seu melhor.¹

Partindo do ponto que cada pessoa pode buscar fazer o seu melhor, principalmente vinculado ao processo de educação e criação de seus filhos, passaremos a conhecer um pouco mais sobre os estilos parentais.

Perfil Permissivo, podendo ser identificado como aquele em que os pais são centrados nos filhos. Neste perfil, existe um apoio significativo e atenção emocional exacerbada, mas pouca estrutura positiva em direção aos filhos.¹ Pais que possuem esse perfil demonstram receio de rejeição pelos filhos, adotando uma posição sempre mais permissiva.³

Na atualidade, este perfil ganha relevante destaque, pois os pais buscam não se desgastarem com as demandas reais dos filhos, preferindo ceder a cada solicitação da criança sem muito critério de real necessidade.4

Porém, para a criança, as consequências deste perfil refletem diretamente no comportamento do filho, que possui a tendência em ser teimoso, provocador e rebelde, podendo apresentar dificuldade em cumprir as regras impostas pelos pais, além de apresentar dificuldades em lidar com suas emoções. 4

Perfil Autoritário, que é exatamente o oposto do perfil permissivo, onde o centro agora se encontra nos pais.¹

Neste perfil comportamental, os pais tentam controlar e modelar os comportamentos dos filhos de forma rígida, estritamente de acordo com sua concepção. Estes pais tendem a valorizar a obediência, podendo recorrer a medidas punitivas (verbais ou físicas) para garantir esse controle absoluto. Este perfil também se caracteriza por realizar fortes críticas a criança.³

Por consequência, os filhos que são alvos deste perfil, em geral são crianças que demonstram um temperamento infeliz. Podem adotar comportamento distante, hostil, ansioso e com pouco controle sobre suas próprias emoções negativas. São crianças que dificilmente vão demonstrar comportamento de transgressão às regras impostas, mas também demonstram dificuldade nas relações sociais, humor instável e até agressivas. 4

Perfil Negligente, também conhecido como um estilo de pais ausentes.¹ Neste perfil, a postura configura em deixar a criança fazer o que bem quiser, onde os pais não se envolvem com as demandas dos filhos, demonstrando pouca paciência para lidar com a criança. Este é um perfil que geralmente tem mais efeitos negativos sobre as crianças porque elas não recebem a atenção que precisam para terem um desenvolvimento emocional saudável.³ Estes pais atendem as principais necessidades das crianças, como alimentação, escola, higiene, mas não conseguem investir de forma satisfatória nas demais necessidades, como um momento de lazer, brincadeiras e de uma real presença afetiva na vida do filho.³

As consequências deste perfil para os filhos têm relação direta com o desenvolvimento emocional frágil e atrasado, demonstrando problemas afetivos e comportamentais. 4

Perfil Participativo, também conhecido como perfil social, estilo este que é centrado na relação e socialização do filho, buscando uma participação conjunta.¹

Neste perfil se busca a adequação da atitude dos pais em função da criança, onde conceitos como idade, maturidade e motivações são colocados em destaque.³

É um perfil que consegue ofertar um bom incentivo e um raciocínio acerca das regras estabelecidas e de outros métodos de disciplina. Ainda demonstram uma supervisão firme.³ Estes pais estabelecem normas e limites, em um clima de investimento afetivo e comunicação assertiva. ³

Como consequências para os filhos, neste perfil, as crianças são consideradas mais competentes frente ao seu desenvolvimento emocional, demonstrando boa autoestima, habilidades sociais adequadas, otimismo, bom desempenho acadêmico, além de inteligência emocional. 4

Cada pessoa pode se reconhecer nas características de um dos quatro perfis, e ainda compreender que o pai e a mãe podem ter perfis diferentes e se complementarem enquanto cuidadores responsáveis, mas, o primordial é saber que a criação que você oferece para seu filho pode afetar a forma de como ele irá lidar com os desafios de sua vida. ¹

O estabelecimento de laços saudáveis entre os pais e a criança contribui muito para o seu desenvolvimento afetivo e cognitivo, mas, ao mesmo tempo, propicia aos pais o sentimento de serem “pais suficientemente bons” especificamente para seus filhos. 5 Não é ser pais perfeitos, mas se sentirem realmente suficiente e adequados.

É possível compreender que cada pessoa pode se identificar com um único perfil e até mesmo transitar por mais perfis de acordo com a situação imposta¹, o mais relevante é garantir que o seu tipo de educação esteja apoiado no crescimento e desenvolvimento saudável da criança².

Sabendo identificar o perfil paterno e materno, começa a jornada de desenvolvimento, que pode acontecer de várias maneiras, como o investimento no crescimento pessoal, a busca de um profissional da área de psicologia, entre outros, cujo objetivo será único: conseguir lidar melhor e de forma emocionalmente saudável com os filhos. 5 5

 

 

Referências:

1.  Baumrind, D. (1966). Effects of authoritative parental control on child behavior. Child Development, 37(4), 887-907.

2.  Maccoby, E. E., & Martin, J. A.(1983). Socialization in the context of the family: Parent-child interaction. In P. H. Mussen, (Ed.), Handbook of child psychology (4th edition). New York: Wiley

3.  CARDOSO, Jordana; VERÍSSIMO, Manuela. Estilos parentais e relações de vinculação. Análise psicológica, v. 31, n. 4, p. 393-406, 2013.

4.  WEBER, Lidia Natalia Dobrianskyj et al. Identificação de estilos parentais: o ponto de vista dos pais e dos filhos. Psicologia: reflexão e crítica, v. 17, p. 323-331, 2004.

5.   ZORNIG, Silvia Maria Abu-Jamra. Tornar-se pai, tornar-se mãe: o processo de construção da parentalidade. Tempo psicanalítico, v. 42, n. 2, p. 453-470, 2010.

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