O que é?

As cardiopatias congênitas são malformações no coração da criança, que podem surgir nas primeiras oito semanas de gestação e podem causar insuficiência circulatória e respiratória, o que pode comprometer a qualidade de vida.1, 2

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 130 milhões de crianças no mundo têm algum tipo de cardiopatia congênita. Segundo o Ministério da Saúde, no Brasil, é estimado em 29 mil o número de crianças que nascem com cardiopatia congênita por ano.1

As cardiopatias congênitas são a terceira causa de óbito no período neonatal3, mas a boa notícia é que, com o diagnóstico precoce, esse tipo de problema no funcionamento ou na forma do coração pode ser tratado e, em alguns casos, curado.

Apesar de estarem presentes desde o nascimento, as cardiopatias congênitas podem ser diagnosticadas mais tardiamente, inclusive já na idade adulta, mas com o tratamento é possível ter uma boa qualidade de vida.1

Entretanto, é importante esclarecer que a evolução das cardiopatias congênitas é muito variável. Enquanto algumas são muito graves e prejudicam a vida fora do útero, outras não alteram a qualidade de vida. Portanto, entre esses dois cenários existem muitas possibilidades.

Para entender melhor como as cardiopatias afetam o coração, é importante entender um pouco mais sobre a sua estrutura. O coração saudável é constituído por quatro câmaras: duas delas do lado direito e duas do lado esquerdo, sendo uma superior e uma inferior de cada lado. As câmaras superiores são chamadas de átrios e as inferiores, de ventrículos. Cada átrio é separado do ventrículo do mesmo lado por válvulas.4

As cardiopatias congênitas mais comuns são: defeitos na formação das válvulas cardíacas, defeitos nas paredes dos átrios e dos ventrículos, gerando comunicações entre eles, persistência do canal arterial, comunicação entre aorta e a artéria pulmonar presente e necessária na circulação fetal, e formação de um ventrículo único. Em alguns casos, pode haver a combinação de mais de um defeito em um mesmo paciente.4

Classificação

Assim, essas malformações podem ser classificadas em leves, moderadas e graves.

Leves: aquelas em que as crianças nascem com elas, mas que podem se resolver espontaneamente. Por exemplo, até 80% dos casos de comunicação interventricular tende a fechar naturalmente ainda na gestação. Quando o bebê nasce e ainda não fechou, até 80% dos casos tendem a fechar espontaneamente até que a criança complete dois anos.3

Moderada: aquela que envolve tratamento (com medicamentos específicos) para não evoluir para o tipo grave.3

Graves: aquelas que precisam ser resolvidas com um tratamento específico e têm maior risco de morte. As cardiopatias em que a criança fica roxa - o que significa falta de oxigênio - costumam ser as mais graves e exigem uma atenção maior.3

Sintomas

Algumas cardiopatias congênitas podem gerar sintomas desde o nascimento. Outras, apenas na infância ou até mesmo na fase adulta. Inclusive, algumas delas podem não gerar sintoma nenhum e passar despercebidas a vida toda, como certos desvios do septo ventricular.4

Os sinais e sintomas de cardiopatia congênita variam muito de acordo com a sua classificação, mas, de maneira geral, podem ser divididos de acordo com o período de manifestação da criança.

Para o recém-nascido:3

- Dificuldade de mamar;

- Interrupção da mamada;

- Cansaço;

- Coração acelerado;

- Suor excessivo na cabeça e nos pés;

No primeiro ano de vida:3

- Dificuldade de ganho de peso;

- Problemas com o crescimento;

- Aparecimento do sopro no coração (famoso barulho que o médico ausculta no coração da criança);

- Cianose: a criança fica com aparência roxa ou azulada;

- Desmaio;

- Dor no peito;

- Palpitações;

Como quase todas as classificações alteram a circulação e a separação entre o sangue venoso e o arterial, há muitos sintomas comuns: cianose (pele azulada/ roxa), falta de ar, pneumonia de repetição, tosse, sudorese, cansaço rápido, tonteiras ou desmaios, inchaço de tecidos ou órgãos por disfunção do músculo cardíaco e modificações no formato do tórax.4

Quem está sujeito

Podemos apontar alguns fatores de risco que podem contribuir para uma malformação do coração durante a gravidez, mas é importante dizer que 90% das crianças com cardiopatia congênita vêm de gestações sem fatores de risco comprovados.3

De qualquer forma, quando é possível, é recomendado evitar alguns fatores de risco:3

- Tabagismo;

- Alcoolismo;

- Uso de certos medicamentos.

Diagnóstico

O teste do coraçãozinho, realizado na maternidade nos primeiros dias de vida do bebê, é essencial para identificar algum problema no coração. É um exame obrigatório, oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS), de baixo custo, rápido, não invasivo e indolor. O teste é feito com um oxímetro, que mede o nível de oxigênio no sangue do bebê e seus batimentos cardíacos.1, 3

Apesar de muitas mães apenas descobrirem a cardiopatia durante esse teste, o diagnóstico pode ser feito ainda durante a gestação por meio do ecocardiograma fetal, que pode ser feito entre 21 e 28 semanas de gestação.1

Quando o diagnóstico é precoce, as chances de complicações são menores, pois algumas cardiopatias precisam de intervenção e centro especializado assim que o bebê nasce. Entretanto, esse exame ainda não está no protocolo padrão do pré-natal e só é solicitado em casos de cardiopatia congênita na família ou alteração nos ultrassons.

Por isso, o pré-natal é tão importante.

Prevenção

Se a gravidez for planejada, alguns cuidados podem ser válidos para evitar problemas:3

- Evitar obesidade, diabetes e hipertensão;

- Ter uma alimentação mais balanceada;

- Fazer atividade física;

- Evitar bebidas alcoólicas e fumo;

- Se utilizar medicamentos, conversar com o médico antes para avaliação quanto ao risco para cardiopatia;

- Nos casos de histórico de cardiopatia, procurar fazer o ecocardiograma fetal para diagnosticar precocemente.

Tratamento

O tratamento para as cardiopatias congênitas pode variar muito dependendo da gravidade. Para as mais leves, é muito comum que não seja preciso tratamento e sejam curadas pelo próprio organismo com o passar do tempo.

Para os outros tipos, pode ser necessário o uso de medicamentos, cirurgia ou até mesmo transplante cardíaco em casos mais graves.

É muito importante conversar com o seu médico para entender as opções mais indicadas para o caso do seu bebê. Geralmente, com o tratamento apropriado, o prognóstico é bom, mesmo no caso de problemas mais complexos.

Continuidade e Check-Up

Muitas pessoas que foram bebês com cardiopatia congênita levam uma vida independente com pouca ou nenhuma dificuldade. Entretanto, cuidados médicos adequados e contínuos podem ajudar crianças e adultos a viver da maneira mais saudável possível.

As visitas regulares a um cardiologista são essenciais para fazer as melhores escolhas possíveis para a saúde do seu filho (a). Essas visitas também permitem que adultos com problemas cardíacos façam as melhores escolhas possíveis para sua própria saúde.

Nutrição

Alguns bebês com cardiopatia congênita podem ficar cansados ​​durante a alimentação e não comer o suficiente para ganhar peso. Além disso, devido ao trabalho extra que seu coração pode ter que fazer para compensar um defeito, algumas crianças queimam mais calorias. Assim, podem ser menores e mais magras do que outras crianças à medida que vão crescendo. Após o tratamento para o defeito cardíaco, o crescimento e o ganho de peso geralmente melhoram.5 É importante conversar com um profissional de saúde sobre dieta e nutrição.

Medicações

Algumas crianças e adultos com cardiopatia congênita podem precisar de medicamentos para ajudar nos problemas associados à sua malformação. Alguns deles ajudam a fortalecer o coração e outros ajudam a baixar a pressão arterial. Por isso, é importante seguir as recomendações do seu médico corretamente.

Atividade física

A atividade física é muito importante para se manter saudável e ainda pode ajudar o coração a se fortalecer.5 Discuta com profissionais de saúde quais atividades físicas são seguras para seus filhos e entenda se alguma prática deve ser evitada.

À medida que as crianças fazem a transição para os cuidados de saúde de adultos, é importante notificar qualquer novo profissional de saúde sobre a cardiopatia congênita. Isso porque os cuidados médicos apropriados contínuos ajudam crianças e adultos com cardiopatia a viver uma vida o mais saudável possível.





Referências:

1-https://www.portal.cardiol.br/post/cardiopatia-cong%C3%AAnita-afeta-29-mil-crian%C3%A7as-ano-e-6-morrem-antes-de-completar-um-ano-de-vida

2-https://www.coracao.org.br/doencas-cardiacas-congenitas

3-https://www.gov.br/ebserh/pt-br/hospitais-universitarios/regiao-nordeste/huol-ufrn/saude/coronavirus-covid-19/cartilha-dicas-de-saude/cardiopatia-congenita-2.pdf

4-http://feapaesp.org.br/material_download/213_Cardiopatias%20cong%C3%AAnitas.pdf

5-https://www.cdc.gov/ncbddd/heartdefects/living.html

BR-16797. Material destinado a todos os públicos. Março/2022

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