Pais ansiosos = Bebês/crianças ansiosas?

Pais ansiosos = Bebês/crianças ansiosas?
Postado em: 10 de outubro Compartilhar Compartilhar

Em um universo entre pais e filhos, podemos compreender que nenhum pai ou mãe almeja prejudicar seu filho. É normal que os pais se sintam ansiosos e estressados, bem como é realista e esperado que as crianças os vejam dessa forma em alguns momentos, haja vista que as ações realizadas pelos pais refletem nas atitudes pensantes dos filhos. Mas, existem maneiras de evitar que a ansiedade exacerbada os afete, seja em qual fase eles se encontram.

É muito comum dizer: “Eles são tão pequenos, ainda não entendem o que está acontecendo”, mas, essa é também uma frase questionável. Bebês e crianças conseguem perceber as preocupações, ansiedades e o ambiente em que estão inseridas.¹ Por isso, é importante buscar formas mais saudáveis para lidar com as preocupações e frustrações do dia-a-dia na presença dos filhos, mas isso não quer dizer que os pais devam inibir seus sentimentos perto das crianças, mas que consigam expressar de maneira calma e explicar os seus sentimentos, para que tais ações cheguem de forma mais harmoniosa, de uma forma que consigam atingir a criança em seu interior.

A ansiedade é um estado emocional com componentes psicológicos e físicos, que faz parte do desenvolvimento do ser humano, ou seja, é um sentimento presente em todos os sujeitos. A ansiedade pode se tornar patológica quando acontece de forma exagerada e sem uma motivação real para ser desencadeada em algumas pessoas. ²

Neste prisma, a ansiedade patológica pode começar a prejudicar o dia a dia dos pais e atingir os filhos de forma direta, podendo causar até mesmo transtornos físicos e emocionais na criança, o que pode interferir diretamente na percepção dos filhos quanto ao seu meio de convivência, deixando de ser um ambiente calmo e acolhedor para se tornar um ambiente turbulento, causando estresse e mais ansiedade.³

Os pais são espelhos para seus filhos, desde os primeiros anos de vida quando ocorre a construção psíquica do sujeito.² As crianças aprendem observando os comportamentos de seus pais, e podemos perceber tais comportamentos logo nos primeiros meses de vida do bebê, daí inicia a responsabilidade emocional. ³

Muitas das respostas emocionais do bebê e da criança estão ligadas com as experiências adquiridas por observação. A forma com que os pais transmitem suas emoções, costumes, hábitos, valores e interação, também será a forma com que a criança inicialmente irá conseguir demonstrar e lidar com suas próprias questões, apenas repetindo os hábitos os quais foi ensinada. ³

Os pais devem buscar ofertar um ambiente seguro, harmonioso e afetuoso para seus filhos, contribuindo para a promoção da saúde mental da criança.

Dentre os comportamentos esperados que buscam contribuir com a redução da ansiedade de seus filhos, podemos citar seis, quais sejam: 4

  1. Ambiente calmo e seguro;
  2. Respostas carinhosas;
  3. Incentivar independência;
  4. Boa interação conjugal;
  5. Atender as necessidades das crianças;
  6. Comunicação assertiva.

 

Desde a gestação, os pais podem buscar lidar com seus sentimentos, com objetivo de se prepararem para receber essa criança e contribuir para o desenvolvimento emocional. Quando os pais conseguem lidar com os seus próprios sentimentos e reações, há uma grande possibilidade de a criança também conseguir, haja vista que seu crescimento está sendo moldado através de percepções do ambiente. 4

A avaliação prévia e adequada da ansiedade torna-se de grande importância na construção de cada pessoa, uma vez que a identificação precoce dos sintomas pode prevenir sofrimentos através da intervenção clínica adequada, como a própria terapia. 5

Por fim, mas talvez o mais importante, é compreender que ninguém recebe um manual de instruções de como lidar com os seus próprios sentimentos e assim criar seus filhos da melhor forma possível. Ser pai e mãe é uma tarefa delicada que requer muito investimento, não é realista imaginar que sempre será perfeito, mas é possível buscar alternativas melhores e mais saudáveis que acrescente à dinâmica da sua família.

 

Referências:

1.   CAÍRES, Monique Cabral; SHINOHARA, Helene. Transtornos de ansiedade na criança: um olhar nas comunidades. Revista Brasileira de Terapias Cognitivas, v. 6, n. 1, p. 62-84, 2010.

2.   NASCIMENTO, Célia Regina Rangel. Relações entre a resposta de ansiedade de pais e mães e a resposta de ansiedade de seus filhos. Estudos de Psicologia (Campinas), v. 18, p. 17-28, 2001.

3.   EMERICK, Amanda Schlee Villa. A relação da estrutura familiar e o desenvolvimento da ansiedade infantil. Psicologia-Tubarão, 2020.

4.   BELTRAMI, Luciane; DE MORAES, Anaelena Bragança; DE SOUZA, Ana Paula Ramos. Ansiedade materna puerperal e risco para o desenvolvimento infantil. Distúrbios da Comunicação, v. 25, n. 2, 2013.

5.   LOURENÇO, Ana Sofia Martins. Superprotecção e práticas de regulação emocional parental em pais de crianças ansiosas: consistência entre a informação obtida por entrevista e por observação. 2015. Tese de Doutorado.


Política de Cookies

Esse Website utiliza política de cookies para oferecer uma melhor experiência para o usuário.

Utilizando esse website você permite o uso desses cookies.

Descubra mais sobre como nós utilizamos e gerenciamos cookies lendo nossa Política de Cookies.