Como reconhecer as fezes de seu bebê?

Como reconhecer as fezes de seu bebê?
Postado em: 21 de setembro Compartilhar Compartilhar

O aspecto das fezes é um motivo de grande preocupação dos pais de um recém-nascido, em especial aqueles prematuros que passaram por UTI neonatal. Portanto, o estado geral das fezes (consistência, forma, frequência e cor) é algo bem valorizado pelos pais e envolve muita ansiedade nas consultas de puericultura1

O material fecal é constituído a partir do “quimo”, um produto da digestão que se forma ao longo do tubo digestivo até o final do intestino delgado, onde ocorre a maior parte da absorção dos nutrientes. Posteriormente, o quimo se torna outro produto digestivo, o “quilo”. Este chega ao ceco, primeira parte do intestino grosso, onde há a absorção principalmente de água e isso leva à moldagem das fezes. Em seguida, o material passa pelo cólon ascendente, transverso, cólon descendente, cólon sigmoide e reto, em direção ao ânus2.

Durante o primeiro ano de vida do bebê, seu intestino é bastante imaturo. Essa imaturidade funcional se manifesta por diversas mudanças na forma, frequência, cor e duração das evacuações. Por isso, trabalhar o processo de educação em saúde com os pais é essencial para evitar consultas desnecessárias ao Pronto Socorro, expondo os bebês a infecções potencialmente perigosas2

Manter o estado funcional normal das fezes é fundamental para o bem-estar do recém-nascido (RN) e para a tranquilidade dos pais. Assim, este conteúdo busca apresentar fotos de alguns tipos de fezes encontradas nas fraldinhas dos bebês. É importante lembrar que há uma grande variedade de cores, aspectos e frequência nas fezes de bebês alimentados ao seio materno e leite de fórmula, que estão dentro do esperado para a idade e pela que podem ser observadas nas fraldas dos lactentes. O objetivo é mostrar aspectos das cores e consistências das fezes e suas interpretações normais e patológicas, que podem ser reconhecidas pela simples observação do material. As figuras abaixo contêm, respectivamente, as características das cores e consistências fecais medidas pela escala de Bristol. 


Figura 1: Interpretação de cores das fezes dos bebês (Fonte: https://www.mackoulpediatrics.com/14-Types-Of-Baby-Poop-And-What-They-Mean.php) 3 


Figura 2: Escala de consistência Fecal de Bristol (fonte: Martinez & Azevedo, 2012)

Observações:

  1. Bebês alimentados ao seio podem ter evacuações líquidas, com ou sem pedaços sólidos, a cada mamada no peito. Entretanto, os bebês podem ficar até 10 dias sem evacuar normalmente e sem sintomas expressivos1
  2. Em geral, os recém-nascidos, em especial prematuros, apresentam quadros de transtornos gastrointestinais funcionais (FGIDS), que se enquadram em diversas definições, entre elas: cólicas do lactente, constipação funcional, refluxo gastroesofágico ou disquesia* do lactente5,6
  3. A constipação funcional é definida como a presença de dois dos critérios abaixo5,6

a) Duas ou menos evacuações por semana;

b) Histórico de retenção excessiva de fezes; 

c) Histórico de defecação dolorosa e difícil;

d) Fezes de grande diâmetro; 

e) Grande massa fecal no reto.

4. Caso apresentem os sinais de alarme abaixo, devemos indicar suspeita de alergia a proteína de leite de vaca ou outra doença gastrointestinal relacionada5,6:

a) Sem evacuar mecônio nas primeiras 24h;

b) Distensão abdominal;

c) Dificuldade de ganho de peso e atraso no neurodesenvolvimento; 

d) Muco ou sangue nas fezes;

e) Anormalidades sacrais/anais.


Prof. Dr. Charbell Miguel Haddad Kury 

Infectologista Pediátrico. Título de Especialista em Pediatria, Infectologia e Neonatologia pela SBP. Doutor e Mestre em Microbiologia e Parasitologia pela UFF. Membro do Departamento de Infectologia da SOPERJ. Professor Responsável de Bioquímica da Faculdade de Medicina de Campos-RJ. Responsável Técnico pelo CRIE do Norte Fluminense e da UTI Neonatal da Santa Casa de Macaé-RJ

* Disquesia do lactente: dificuldade para evacuar, demandando tempo e esforço. | BR-25922. Material destinado ao público geral. Mês/2023

Referências 

  1. De Lamare, Rinaldo. A vida do bebê. 43. ed. Rio de Janeiro: Ed. Nova Fronteira. 2015.
  2. Manual de referência para fezes no primeiro ano de vida. Disponível em: https://www.pediatrianestle.com.br/servicos/manual-de-referencia-para-fezes-no-primeiro-ano-de-vida
  3. Tipos de cocô de bebê (e o que eles significam). Disponível em: https://www.mackoulpediatrics.com/14-Types-Of-Baby-Poop-And-What-They-Mean.php
  4. Martinez AP, De Azevedo GR. Tradução, adaptação cultural e validação da Bristol Stool Form Scale para a população brasileira. Rev. Latino-Am. Enfermagem. 20(3):[7 telas] maio-jun. 2012. Disponível em: www.eerp.usp.br/rlae 
  5. Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP). Tratado de pediatria: Sociedade Brasileira de Pediatria / [organizadores Dennis Alexander Rabelo Burns... [et al.]]. -- 4. ed. Barueri, SP: Manole, 2017. Outros organizadores: Dioclécio Campos Júnior, Luciana Rodrigues Silva, Wellington Gonçalves Borges. ISBN: 978-85-204-4612-6 
  6. Transtornos gastrointestinais funcionais. Disponível em: https://www.pediatrianestle.com.br/conteudos-cientificos/transtornos-gastrointestinais-funcionais/fluxograma-de-colica-e-constipacao?check_logged_in=1
Política de Cookies

Esse Website utiliza política de cookies para oferecer uma melhor experiência para o usuário.

Utilizando esse website você permite o uso desses cookies.

Descubra mais sobre como nós utilizamos e gerenciamos cookies lendo nossa Política de Cookies.